sexta-feira, 23 de abril de 2010

Olá Adeus


Estou indo embora.
Nem passárga, nem jaçanã.
Os cadarços desamarrados
e a esperança melancólica de tudo.
Estou indo embora.
Minhas costas doem.
É derradeira a vontade
e tão doce a partida.

Preciso agachar pra amarrar os cadarços.
Estou indo embora.
Comigo as incertezas na mochila
e uma lembrança de quando eu era criança.

Partir é apenas o primeiro passo de se chegar em outro lugar.
E eu já estou indo.

Só preciso amarrar os cadarços.

Todo esse sentimentalismo


Há alguns minutos em que podes sentar-se ao meu lado
e senta.
Finge que não existem outros lugares no mundo.
Seu corpo fala.
Me conversa alguns instantes e me renova.
Os olhinhos desejantes; meus e teus.
Menina, eu preciso te contar um segredo:

Você parece uma metáfora!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sentimento Ascendente


Apaixonar por esse seu pé de vento;
foi de repente
não houve atrevimento.
Já amava essas suas palavras que voam
isso já faz
algum bucado de tempo.

Só te digo que hoje em ares de furacão
há mais

encantamento.

Ligação


Chega de noite e a saudade vai falando baixinho:

-Longe.

A cabeça de pronto retruca esperta:

-Telefone.



Assim parece que todo mundo fica feliz.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Minha Condição


Eu poderia ter pensado um universo em vontade,
te ligado às duas da madrugada,
ter te feito feliz por um instânte
e ir dormir abraçado às tuas palavras pelo telefone.
Mas não.

Prefiro te espreitar mesmo de longe,
te revendo e visitando seu diário,
pra que a minha loucura não seja tão somente sua carne
mas sim todas as verdades de uma mentira bem contada.

Eu poderia te fazer todo o mal que um homem infeliz
[pode fazer]
pegar um võo noturno só de sacanagem
você me buscaria com cara de recém-acordada
só pra gente contar que aquela noite foi inesquecível.
Mas eu não tô afim.

Eu quero somente aquele olhar da foto,
as conversas trôpegas de quem está infinitamente cansado
e quer apenas deitar.
Pra poder te segurar pelas mãos,
eu aqui em Planaltina e você em Salvador,
intensos, os olhares grudados

num poema de amor.

Picuinha Boba


A sexta insolente me convida pra sair.
Não ignoro.Eu vou.
E me dissolvo entre os dentes de um sorriso qualquer.
Sou um homem desejante.
Considero até normal essa minha indelicadeza.

Viagem Matinal.

Eu venci uma luta braba
eu fiz até a barba
pra amanhã o mundo me ver melhor.

A cadeira alvinegra comenta com a outra:
-Olha o suor!
E eu digo:
-Tá até melhor.

O tempo me reservou o espaço
eu venci em andar descalço
mas que bom,
agora eu cheguei.

Valeu a pena a estrada.

Derradeiro

A idéia foi longa
no entanto
o começo
veio assim tão de repente.

Engraçado como a gente tem mesmo muito que andar.

Hoje eu tô aqui.
Primeiro passo
e a chuva no asfalto
faz
tudo
ficar
melhor.