sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O palheiro e a vida


Acho que sou mesmo uma agulha
sempre tentando entrar na linha.

Na idéia de prosseguir no tempo seco,
o beijo que guardei se desfez em mil pedaços.

Pois a mudança que chega levemente,
ao me por pra frente,
deixa um fragmento de mim sempre no mesmo lugar.

E a gente aqui nessa roupa mal costurada.

Tanto no que penso


Será que prenderá em seus braços
pra esconder meu cansaço
e coroar a minha insensatez?
Será?
Será que ao trafegar em teus beijos
matarei o corpo derradeiro
desse poeta imortal?
Será?

E você, como será?

Criancice


Aquilo que lhe fiz e tratou com tanto desprezo,
foi um beijo,amor.

Foi só um beijo que te dei sem perceber.

Descarada apaixonada


Teima em me negar o óbvio
o que transpira e o que exala
os que seus dedos não admitem

e o que eu mesmo não acredito.

Mas se quiseres me convencer
olhe para mim
e pare de tremer.

Segredíssimo


Eu lhe contei porque fugiram os passarinhos
de repente
naquela mesma noite de verão.
E me veio tão surpresa
que sem querer o que contei
não me pareceu tão mal.

A metade do meio


O que mede seus braços
não cabe em um abraço
nem em nada do tipo.

Mas se seu desejo
for por longos beijos
então eu digo que fico.

Pra ela e ele


Sei ao te ver passar sorrindo, disfarçando seu querer,
do seu amor sem se medir
mesmo com outro enganando seu prazer.
Porque a flor que antes tivera em broto
desabrochou primeiro
ao deslizar pelo meu corpo seus primaveris afagos desejosos.
E agora com ele toda pequena
em teu carro escondendo o olhar
exala sorrindente mas em silêncio
o que seu coração nunca conseguiu disfarçar.

Na hora marcada


Algum recado que eu não deixei.
Não fui.

Algum segredo que revelei
e parti.

E agora?

Mudo


Eu te provoco.
Eu te deixo.
Eu te traio.
Eu arrumo outro alguém.

Só pra você perceber
que eu te amo

e não consigo te dizer.

Ida sem vida


Nos dirão os espaços terríveis de janeiro
o quão oblíquo e tenso se resolverá
este amor pequeno.

O dia em que conheci aquela moça
era uma noite alta
onde brincavam horizontes
e serpenteavam fadas madrinhas,

Mas eu a matei.

Num beijo quadrado olhando pra janela.
E ela se foi num desgosto profundo,

Por isso digo que a matei.

Inconclusão


Tua pele antes trafegada
Pela minha mão tão envolvida
É o lugar onde hoje habita
Os dedos secos de outro cara.

E tua essência abandonada
Foi ontem o cais da minha vida
Mas hoje está tão dividida
Sem ao menos se sentir amada.

Nem mulher e nem amiga
Com ele segues desregrada
Sobre a cama esparramada.

E não há nada que eu diga
Que te faça parecer errada
E volte pra minha alma abandonada.

Em baixo


Ao que me vejo, percebo;
nem tudo, nem meio.
Sou teu lado esquerdo,
teu zero.

Tô cheio.Nem Por isso estou completo.

Se contunar desse jeito
vou mesmo precisar da sua metade.

Amor e amora


E o teu nome que me revelas tão sincero
é também macio como um doce em minha boca
e desce ao peito como amora

fruta que eu gosto mas nunca vejo.

Tens a mim como uma Rainha os seus súditos;
em reverência.
e a intensa vontade que te quero me faz lamber os dedos
só de imaginar pegando fruta no pé

a mora do meu desejo.

Deriva; ladeira da tua casa


Te quero como a lua quer o mar

distante.

Esperando o sol que queima
só pra me deixar em teus dedos

navegantes.

Sinceridade e reverência


Sei que há muita gente que também sente.
O mundo pulsa,você sabe.

Não seremos nós a pedra que parará a engrenagem do tempo.

Amanhã quando aí
-seja onde for-
acordar,
terás a tua esquerda aquele outro rapaz.
E eu também não estarei sózinho.

Não lembrarás os dias míopes e nem a estações do ano.
Entre teus dentes de gelo,
rasgará sorrisos ao também vê-lo acordar.

Serás feliz e eu igual.


O monstro que habita o calendário
já apagou as nossas viagens.

Contagem Numerosa


Coisa que dói é espera.
Isso por que a gente passa a vida inteira assim.

Ao mundo


Meu pedacinho de tudo
onde de repente meu mundo seja evidente.
Qualquer coisa jogada
um universo em cada palavra
e um pouco da gente.

Retrato de coisas clichês
como eu e você
respira entre os espaços vazios.
Sentidos entretanto sinceros;
um beijo que se lê.

Esse é meu jeito de analisar o tempo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ode a ela


Jeito de morena sabida
daquelas que leem poesia
antes de se deitar.

Mas descobri sem querer
que poesias não lê
antes de se deitar

Quando chega a noite
ela se desnuda toda
antes de se deitar

Não lê nada
mas se pinta de poesia
antes de se deitar

eu só escrevo.
ela apenas não lê.
eu só escrevo.
ela é.

Recado à meia-luz


Diga ao Zé como andam os caracóis
e lembre
nem em pensamento me conte réplicas.
Diga também a ele que não vou por que estou nu
e também por isso não quero
palavras meias.

Indispensável é dizer ao Zé
que estou com muito medo de vê-lo
talvez por que isso só acontece a noite

e pensar nessas coisas me causa pânico.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Calendário


É janeiro
e eu queria cantar uma música de verão
mas eu nãe sei.

A globo reclama o carnaval.

Tanto tempo.
Tanto faz.

Se já não somos nós.

Fábula, cábula e um prédio no meio.


Como se quisesse procurar
achou
uma ideia e um sorriso qualquer
o ouvido sedento
naquele pedaço de mulher.

Era pedaço por um motivo muito simples:
não era inteira.
e isso vale pelas suas reticências
o vai-e-vem constante
daquela vontade primeira.

Era primeira e talvez única na cabeça dos dois.
uma bobagem secreta
mas sempre cultivada nos momentos pessoais
eram cegos um pelo outro
por isso não se viam mais.

E não viam não pela falta de desejo
nem pelos outros que os impediam
não se viam de medo
de descobrir o próprio segredo
aquele aperto no peito
que sentiam.

Mas faltou uma história de amor
pra eles contarem sorrindo para seus parceiros
momentâneos
pra ser lembrado numa música alta no som do carro
e fluir
dentro daquela saudade cinzenta.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Toda ( Para Rita Apoena )


achada
jogada
cheia
de palavras.
levada
levada
da bréca
pr'um sonho qualquer.

é que segredo é uma coisa que a gente morre de vontade de contar.

Um bolo na minha garganta


Gosto de você porque você tem gosto de balinha de iorgute
e isso me faz sentir o frio na barriga que eu sentia
quando atravessava a rua de casa de mãos dadas com meu avô.

Rapidinha


E estamos bem.
Há de se falar em muidezas
mas a nós,
apenas o infinito.

Estamos no ritmo.
Há de se falar em honrarias
mas a nós,
valem os grilos falantes.

Somos meio nada
tipo meia bomba
e quase ninguém nos percebe.

Mas há em nós qualquer tipo de verdade
que nos faz bem
em sermos simplesmente assim.